A introdução da soja no Brasil deu-se por volta de 1882, os grãos eram administrados aos animais já que ainda não havia o seu emprego na indústria. Cerca de uma década após iniciar estudos com a cultura, no início do século XX, o IAC iniciou a distribuição de sementes para produtores do Estado.
Relatos indicam que foi nesse período que a região sul do país, mais especificamente o Estado do Rio Grande do Sul, começou a cultivar a soja, e foi nessa região que a cultura encontrou condições ideais para o seu desenvolvimento.
Credita-se à similaridade do clima da região sul do país com a do clima do sul dos Estados Unidos, local de origem dos primeiros genótipos da soja brasileira, sua adaptação a aquela região.
A região sul foi responsável, até 1960 e 1970, por ser a produtora majoritária do país, sobretudo no Rio Grande do Sul e Paraná, ainda hoje grandes produtores. Porém, atualmente, já perderam em volume para o Mato Grosso, que é agora o maior produtor nacional.
A partir dos anos 80, a soja estendeu-se para o cerrado, uma vasta região que abrange o chamado polígono dos solos ácidos, ou seja: Triângulo Mineiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia.
Com isso, a região do cerrado tornou-se a maior região produtora do país. A expansão para essa nova fronteira agrícola deveu-se, basicamente, aos estudos de fertilização dos solos do cerrado, à sua topografia plana e favorável à mecanização, e o desenvolvimento de plantas aptas à região.
O primeiro registro de cultivo comercial de soja no Brasil data de 1914, no município de Santa Rosa, RS. Mas, foi somente a partir dos anos 40 que o seu cultivo adquiriu alguma importância econômica, merecendo o primeiro registro estatístico nacional, em 1941, no Anuário Agrícola do Rio Grande do Sul, onde se lê: área cultivada de 640 ha, produção de 450 t e rendimento de 700 kg/ha.
Nesse mesmo ano, instalou-se a primeira indústria processadora de soja do País, em Santa Rosa, RS, e, em 1949, com produção de 25.000t, o Brasil figurou, pela primeira vez, como produtor de soja nas estatísticas internacionais.
A maior parte desse volume, 98%, foi produzido nos três estados da Região Sul, onde prevalecia a dobradinha, trigo no inverno e soja no verão.
Em 1970, menos de 2% da produção nacional de soja era colhida no centro-oeste. Em 1980, esse percentual passou para 20%; em 1990, já era superior a 40%, e, em 2003, próximo dos 60%, com tendências a ocupar maior espaço a cada nova safra. Essa transformação promoveu o Estado do Mato Grosso, de produtor marginal a líder nacional de produção e de produtividade de soja. Atualmente o país é um dos maiores produtores de soja do mundo, sendo a maior parte para exportação.
A soja é uma leguminosa, assim como o feijão, a ervilha, a lentilha e o grão de bico. Supernutritiva contêm proteínas, vitaminas, minerais e fibras. Sua proteína se compara à proteína animal, 100g de soja fornece a metade da quantidade diária de proteínas recomendada para um adulto. Ela, tranqüilamente pode substituir a carne nas refeições.Também é rica em vitaminas A, C, E e do complexo B.
Outra riqueza encontrada na soja são os minerais cálcio, fósforo, ferro, e potássio, sem falar nas fibras, de extrema importância para o funcionamento adequado do intestino. Além disso, as fibras têm a capacidade de captar partículas maiores de gordura, levando-as a passar direto, sem serem absorvidas.
A soja é um dos alimentos mais ricos em proteína que se conhece. A farinha de soja desengordurada, por exemplo, é muito utilizada no enriquecimento protéico de pães, bolachas, tortas e todo o tipo de confeitaria.
Pelas suas características funcionais e por possuir um teor de proteína elevado, o isolado protéico de soja é muito utilizado no fabrico de produtos substitutos da carne. Se compararmos um Kg de soja com um Kg de qualquer alimento comum, veremos que a soja contém uma quantidade significativamente maior de proteínas.
A presença cada vez mais constante na dieta da maioria dos países desenvolvidos e a crescente investigação que é feita relativamente às suas propriedades e aplicações fazem da soja o Alimento do Futuro.
Numa época em que se torna indispensável encontrar soluções que permitam alimentar uma população mundial cujo crescimento vertiginoso parece ser inversamente proporcional à disponibilidade de recursos, a soja e seus derivados apresentam-se como uma luz ao fundo do túnel, graças à sua capacidade de satisfação das necessidades calórico-protéicas do homem e ao seu baixo custo de produção.
A soja é considerada um alimento funcional porque além de funções nutricionais básicas, produz efeitos benéficos à saúde, reduzindo os riscos de algumas doenças crônicas e degenerativas.
FDA, órgão que regulamenta a produção de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, recomenda a ingestão diária de 25g de proteína de soja, que corresponde à aproximadamente 60g de grãos de soja, para o controle dos níveis de colesterol e triglicérides reduzindo, assim, os riscos de enfarto, trombose, aterosclerose e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Além de seu alto valor nutritivo e protéico, tornando-a uma das melhores armas contra a desnutrição, a soja também tem alguns poderes medicinais. Já foi comprovado que, nos países asiáticos, onde o consumo de grãos é bem alto, a incidência de câncer nos ovários e de doenças cardiovasculares é menor que em países do Ocidente.
Pesquisas constataram que a diferença estava na dieta alimentar dos orientais, que é rica em soja e seus subprodutos. Pesquisas da American Heart Associantion – AHA (Associação Americana do Coração) têm demonstrado que a ingestão de proteínas de soja reduz as taxas de LDL Colesterol (ou famoso colesterol ruim).
Outro benefício do consumo de soja é a diminuição das “famosas e temidas” ondas de calor, comum nas mulheres que estão na menopausa. Isso acontece porque a soja é rica em fito-hormônios, dentre estes o fitoestrógeno, estrutura encontrada numa substância chamada isoflavona.
É muito semelhante ao estrógeno, só que atua de forma mais amena. Esta substância supre a falta de hormônio na menopausa e, assim, diminui seus sintomas. A quantidade de isoflavona varia de acordo com a variedade do grão, do solo, do clima e do tipo de processamento.
Especialistas dizem que a melhor maneira de aproveitar os benefícios da isoflavona é combinando-a com a proteína da soja, sendo assim, melhor do que consumir cápsulas isoladas de isoflavona é consumir a própria soja.
Embora tenham sido encontrados em outros alimentos vegetais como a cenoura, batata, feijão e sementes de girassol, a soja contém um tipo especial de isoflavona, denominada pelos americanos de “Genistein”, que, além de grande anticancerígeno é um poderoso antioxidante, capaz de bombardear os radicais livres, moléculas sem a presença de oxigênio, que apresentam um efeito corrosivo sobre as células, produzindo desde o envelhecimento precoce até o surgimento de tumores.
Assim, pode-se concluir que a soja deve ser incluída na alimentação não somente pelas possíveis vantagens que ela pode nos trazer, mas, principalmente, pelo fato de ser mais uma opção de alimento rico em diversos nutrientes e que contribuirá para a diversificação da alimentação diária contribuindo, do ponto de vista nutricional, para a saúde.
Fontes: Foco Rural e FIESP
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